Crónica do Migas
Beneath this mask there is more than flesh. Beneath this mask there is an idea, Mr. Creedy, and ideas are bulletproof.

18 janeiro 2007

 

O Padrão-Euro


No Blasfémias, Pedro Arroja escreveu três artigos em que defende que Portugal nunca devia ter aderido ao Euro, por perder a flexibilidade cambial, e que é inevitável que dele saia perante a crise orçamental. Não sei se ele terá razão relativamente a esta potencial "ejecção", mas julgo que a acontecer seria catastrófica; bem como que aquilo que o euro trouxe foi genericamente positivo.

Como Portugal representa uma parcela infinitesimal da "zona euro", e o grosso das suas trocas comerciais é com essa zona, a moeda única é para a nossa economia como uma espécie de "padrão-ouro": não há política do governo que afecte o seu valor. Isto é positivo pela disciplina que é imposta à acção governativa, pois a incompetência e o despesismo são imediatamente tornados óbvios quando o estado não pode recorrer à manipulação monetária e ao imposto escondido da inflação. A vantagem é ainda maior porque Portugal extrai os benefícios de uma moeda commodity com os custos de uma moeda fiat.

Os cépticos poderão argumentar que a nossa baixa produtividade e inflexibilidade laboral tornam-nos cada vez menos competitivos; que a flexibilidade cambial permitiria reduzir essa diferença. A primeira parte é verdade. A segunda não. Se saíssemos da moeda única a desvalorização subsequente traria factores negativos que mais que anulariam qualquer benefício de curto prazo do aumento de exportações: inflação, destruição do capital acumulado, aumento dos custos energéticos, diminuição do investimento, fuga de capitais, etc.

A perda de competitividade, no contexto do "padrão-euro", só tem duas soluções:
  1. Uma diminuição do denominador, via redução dos custos - apenas possível com maior flexibilidade laboral;
  2. Um aumento do numerador, via factor capital e/ou qualificação do factor trabalho - apenas possível com uma diminuição do peso do estado e subsequente libertação de recursos para investimento.

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Há outras saídas:
http://notaslivres.blogspot.pt/2013/04/adeus-relvas-precisamos-de-alternativas.html
 

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